Entrevista com o Professor Jorge Araújo (*)
VASCO UM MODELO E UMA REFERÊNCIA
MODELO DE FUTURO
Fomos habituados a ver os Professor Jorge Araújo na “linha lateral” de várias equipas, principalmente do F.C. Porto, do Américo de Sá às competições europeias, no Rosa Mota. O Professor Jorge Araújo é igualmente uma figura de referência do Basquetebol Português e por isso mesmo, quisemos saber qual é a imagem que tem do Vasco da Gama.
O seu conteúdo é extremamente interessante, pois valoriza o papel social do Clube, a forma de jogar, o apoio do público, a ousadia e coragem de fazer diferente, a capacidade de fazer muito com pouco, (…), considerando o Vasco um modelo de referência.
Agradecemos a disponibilidade, o importante e valioso contributo do Professor Jorge Araújo, para clarificar a imagem externa do Vasco da Gama, através desta entrevista.
Muito Obrigado Professor JORGE ARAÚJO
COMO TEVE CONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DO SC VASCO DA GAMA?
As primeiras impressões que tive do Vasco da Gama, aconteceram há mais de 40 anos, através dos seus jogadores e do seu modelo de jogo e de jogadores. Impressionavam pela capacidade que evidenciavam para se impor como coletivo coeso e, principalmente, pela velocidade de execução e criatividade individual.
QUANDO É QUE VIU O VASCO JOGAR PELA PRIMEIRA VEZ?
No ainda existente Pavilhão do Académico no final da década de 70.
COMO ERA O AMBIENTE, NOS JOGOS DO VASCO?
Não tenho uma perceção desse ambiente entendido como jogar no recinto que utilizavam como “sua casa”, pois nunca tive essa experiência. Mas lembro-me bem do contrário! Jogar nas Antas com os adeptos do Vasco a acompanharem a sua equipa e a “dominarem” totalmente o ambiente pretensamente favorável ao adversário.
COMO PODE CARATERIZAR A FORMA DO VASCO JOGAR?
Muito mais moderna do que na altura parecia pois muitos (como eu!) pensavam então que quem jogava eram os treinadores e não os jogadores. Diria que hoje, olhando para a forma como jogava então o Vasco da Gama, “coro de vergonha” por não ter percebido naquele modelo o futuro do basquetebol (1×1 ou 2×2, penetrações em dribling, lançamentos de campo sem medo de errar e, principalmente, manutenção (sempre!) de um ritmo elevado de jogo.
O QUE É VIA DE ESPECIAL, DE DIFERENTE NO JOGO DO VASCO?
O empenho e o entusiasmo dos seus jogadores e equipas, norteadas pela filosofia humanista de um grande pedagogo popular (Alves Teixeira).
ENQUANTO ADVERSÁRIO, ERA FÁCIL DEFRONTAR O VASCO?
Nunca é fácil confrontarmo-nos com aqueles que fazem diferente… para melhor… sem receios de parecerem… pouco académicos e “científicos”…
HOJE EM DIA, ACOMPANHA O QUE SE PASSA COM O VASCO? SE SIM, QUAL É A FORMA PELA QUAL SEGUE O VASCO? QUAL É A IMAGEM QUE TEM DO VASCO NOS DIAS DE HOJE?
Lamentavelmente não! Como acontece com todos nós, o que nos dias de hoje não nos procura e “entra pelos olhos dentro”… não existe…
Melhor dizendo, tal como Harvey Thomas especialista de comunicação disse há muitos anos “se tu disseste e eles não te ouviram, foi porque tu não disseste”… Ou seja, mesmo que o Vasco da Gama tenha tentado dizer-me algo acerca do que faz, como não ouvi, foi porque efetivamente não disse…
HÁ ALGUMA HISTÓRIA, CURIOSIDADE OU MENSAGEM SOBRE O VASCO, QUE QUEIRA PARTILHAR COM OS NOSSOS JOVENS JOGADORES, QUE OS POSSA AJUDAR A MELHORAR?
Sim! Que percebam que pertencem a uma coletividade cujo prestígio social e desportivo esteve sempre muito para além das poucas condições que possuía há uns anos atrás. Tal como hoje tanto se diz, “faziam muito com bastante pouco”. E a razão de tal acontecer era simplesmente o enorme orgulho de pertença que impulsionava dirigentes e jogadores para uma superação impressionante.
Habituei-me ao longo dos anos (desde que vim para o Porto em 1978) a considerar o Vasco um modelo e uma referência do que se poderia fazer em Portugal através da intervenção do associativismo popular ao serviço do desporto e, principalmente, dos jovens socialmente menos enquadrados e apoiados.
Nota:
(*) O Professor Jorge Araújo foi um dos Treinadores de referência do Basquetebol Português.
Uma carreira impar com cerca de 40 anos de Treinador Profissional em Clubes como o F.C. Porto, a Ovarense, o Imortal, o CAB, a Académica de Coimbra, o Clube de Futebol os Belenenses e o Clube Nacional de Natação.
Também foi ao longo de alguns anos selecionador nacional de cadetes, juniores e seniores.
Um dos criadores do processo de formação de treinadores de basquetebol em Portugal e da Associação Nacional de Treinadores de Basquetebol.
Com um importante e vasto contributo escrito, enquanto autor, de muitos temas sobre o Desporto e Ser Treinador, tal como mais recentemente abordando temas a nível empresarial como “Pensar e Intervir como um Treinador” e “Tudo se Treina”.
O destaque na função de Treinador conduziu-o a membro do Conselho Superior do Desporto (órgão consultivo do senhor secretário de Estado do Desporto), membro do Conselho Consultivo da Fundação do Desporto e da Comissão Desporto Século XXI e Presidente da Assembleia Geral da FPB.
Foi colaborador semanal de vários jornais desportivos e outros.
Criou em 1997 a empresa Team Work Consultores que se distingue hoje na área do treino da área comportamental de quadros e equipas de empresas e do coaching empresarial.
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